20.7.12

Sprito de cana!


Storia de Cabo Verde na relato de viajem

“(...)
Quando na Chaada do Falcão estive um dia em casa do grande proprietário daquela região, sr. Manuel dos Reis Borges, assisti a uma bela scena de descamisada de milho, feita ao ar livre, por centenas de rapazes e raparigas indígenas. Vi um grande armazém cheio, até acima, de milhares de masçarocas empilhadas. Perguntei ao proprietário se eram para exportação. “para onde”? me respondeu o sr. Reis Borges. “elas lá estão à espera de ocasião”. Alguem que estava perto segredou-me aos ouvidos: Ocasião, é a fome.
Cá está uma frase que basta para condenar a administração pública de Cabo-Verde. A ilha tem, certamente, Câmaras Municipais, mas quem se lembra dos celeiros municipais para acudir a essas crises periódicas de fome? Pelo contrário, eu não ouvia senão frases depreciativas dos pobres indígenas pela sua preguiça, pela sua desmoralização, pelos seus vícios, como se aqueles infelizes ainda no estado bárbaro da civilização, tivessem a culpa de tôdas as desditasde que eram vitimas inocentes. Gravei na memória uma frase de que ouvi a um funcionário: Esta gente vive de alcool e no alcool. Bebem alcool antes de nascer, ao nascer, logo depois de nascer, e por tôda a vida, mesmo ao morrer. Ouvi e calei-me, mas estas palavras suscitaram na minha mente uma dúvida cruel. A quem caberia a responsabilidade de tôda esta negra tragédia?

Em tôda a parte a imprevidência, o abandôno. Aquela gente não tinha um médico para a assitência clinica e para as medidas de profilaxia. Grávidas e puérperas estavam confiscadas a Deus  e à fòrça medicatriz da Naturesa. O remédio soberno para os partos dificeis, era o espirito da cana com que se amorteciam as dores e se produzia a anestesia até à inconsciencia. era o sono crepuscular cabo-verdeano E lá vinha ao mundo a criança se viesse, se viesse; ébria antes de nascer, e ao nascer. Depois, as cólicas infantís eram tratadas pela mesma aguardente, único remédio acessivel. Era êste o início da vida dos cidadãos indígenas de Cabo-Verde. (...)"
 Rejisto:
1.   Nes testo N atxa dos fraze skrebedo na Criolo/ke é kel li na contesto : (...) Já quási à meia encosta vejo no fundo do vale àrvores ou plantas de um verde lindíssimo salpicado de pontos vermelhos e amarelos. Pergunto ao guia o que é aquilo. E o guia respondeu-me Naranha, nhõ (...) encontro uma cubata peço licença para provar a laranja, mesmo que seja das que juncavam o chão. E a mulher com sorriso de bondade colhe algumas das mais maduras, e oferecem'as avisando-me ao mesmo tempo: Branco que tá comê naranha morre dê biliosa. (...)
Fonte: F. A. Wolfango da Silva "A Crise de Fome em Cabo Verde" In boletim do Instituto Vasco da Gama N.º 14-1932, 33-57
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