22.1.11

Somos pró-Língua Cabo-verdiana.

Escutar os Cabo-verdianos, também:

O Dr. Olavo Correia (cidadão pró-MpD)  neste artigo de opinião de 22.1.2011 escreve, no capítulo da educação, o seguinte:

"Educação, a chave para as portas do futuro
A educação é a chave para a porta do sucesso. É a pedra para a construção do nosso futuro colectivo. Sem a escolaridade obrigatória mínima de 12 anos, sem um Cabo Verde que domine pelo menos 4 línguas, sem o acesso generalizado e a baixo custo da população à banda larga, sem o reforço do ensino das ciências, nomeadamente da matemática e da física, sem o conhecimento profundo das novas tecnologias de informação e comunicação, sem a integração do pré-escolar no sistema formal de ensino, sem a transformação das escolas em unidades com gestão empresarial autónoma e sem a criação de espaço para a flexibilidade curricular, introduzindo cadeiras obrigatórias e facultativas, permitindo maior liberdade às escolas, muito dificilmente conseguiremos enfrentar o futuro com sucesso. Somos compelidos a isso. (...)"

Nota: O MpD defende 4 línguas e escolaridade obrigatória mínima de 12 anos. Afirmação feita  no debate da RTC 18.1.2011 pelo Dr. Carlos Veiga.

Comentário:
Estamos de acordo? O que é que significa “Escolaridade mínima obrigatória”? Por que é necessário alargar a Escolaridade mínima obrigatória? Ninguém especula na qualidade desse nosso ensino obrigatório em vigor… e nem nos porquês para se propor a sua extensão.

De facto, sabemos que hoje é possível ministrar essa escolaridade mínima obrigatória de 12 anos em todos os Concelhos e (nalgumas Freguesias?) de Cabo Verde, porque as Escolas Secundárias estão presentes em todos os Concelhos de Cabo Verde… Então que venha o Decreto-Lei a instituir essa obrigatoriedade.

Devemos pensar nos custos financeiros que acarretam a eventualidade desse decreto? Sim, mas, feitas todas as contas, o "saldo sociológico" será sempre positivo, sobretudo se atendermos à qualidade de formação dos actuais titulares de certificados de “ensino obrigatório”…

Quando falamos de 4 Línguas, estamos na realidade a contar com 3 Línguas (Portuguesa, Francesa, Inglesa) que fazem já parte do currículo do ensino obrigatório. Sendo assim, só podemos estar a pensar em introduzir apenas mais uma. Devemos introduzir o Espanhol? Ou o Chinês? Ou Árabe? Ou… Muito bem. Mas...
Agora, parece-nos que os proponentes não meditam na possibilidade introdução imediata do ensino obrigatório da nossa Língua Cabo-verdiana nas Nossas Escolas Públicas. Mesmo sabendo que a debilidade no capítulo da Educação-Ensino Formal advêm, em grande medida, do não conhecimento explícito da nossa Língua Materna, a Língua que todos falamos, sem excepção, pelos nossos estudantes. É também sabido… É o Crioulo das ilhas que faz a ponte para o ensino-aprendizagem eficaz das demais Línguas Estrangeiras. É preciso falarmos, claro!

PS: A LÍNGUA OFICIAL DE CABO VERDE É O PORTUGUÊS. Mas, em quase todas as Escolas Secundárias e Universidades de Cabo Verde são subministradas aulas de “ciências, tecnologias e algumas humanidades” em Espanhol (portunhol) em Inglês (cringlish) e em Francês (francrês). Os estudantes conseguem apreender... a matéria?

2 comentários:

  1. Tão importante como o artigo do Dr. Olavo Correio é o comentário assinado por Kauverdiano Et. Acrescento, para debate, o seguinte:
    Não está provado, em parte alguma do mundo, que a gestão empresarial da escola é a que serve melhor para promover a qualidade da educação, mas aceito que uma boa gestão da escola, que incorpore, v.g., princípios, técniocas e procedimentos conformadores da chamada "gestão pela excelência" da educação constituem uma via a seguir, de forma criativa, evitando, contudo, qualquer tentativa de "mercadorização da educação e do ensino.
    Há muito venho advogando a aposta no alargamento da escolaridade obrigatória e tendencialmente gratuita para 12 anos, mas sustento que, antes disso, ou concomitantemente, precisamos de: (i) elevar o nível de qualificação científica e pedagógica dos professores; (ii) ampliar o parque escolar e criar as demais condições para que os alunos tenham mais tempo útil de aprendizagem na escola (NB: em países avançados, os alunos estão o dia todo na escola, mas os nossos alunos têm apenas meio período de aulas, com um tempo útil de aulas que, na melhor das hipóteses, vai até 3 horas/dia, depois de excluidos os intervalos e os "tempos mortos"); (iii) realizar uma reforma curricular profunda e em toda linha, da educação pré-escolar ao ensino superior, com a alteração dos paradigmas curriculares, o reforço do conhecimento científico ou do chamado "conhecimento poderoso", a valorização das línguas "oficiais" (incluindo o crioulo) e de principais línguas estrangeiras (especialmente, o inglês e o francês), etc. B.Varela

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  2. Acho muito interessante o artigo, assim como considero pertinente o comentário de Kauverdiano Et.
    O meu comentário incide, apenas, em dois pontos (por falta de espqço):
    1. Não está provado, em parte alguma do mundo, que a gestão empresarial seja adequada para a escola pública, quer em termos de filosofia, princípios e procedimentos adequados à boa administração dos recursos, quer, especialmente, em termos de perspectiva ou de finalidade pretendida, ou seja, a promoção da qualidade da educação, aferida, não apenas em função geração de “utilidades de curto prazo” para o mercado (que sofre mudanças constantes, não previsíveis de todo, por maiores que sejam os esforços de adequação dos currículos), mas, essencialmente, em função das perspectivas de preparação para a vida (que não se esgota na lógica mercadológica) e de realização pessoal e social dos indivíduos.
    2. De há muito venho defendendo a generalização do ensino obrigatório e tendencialmente gratuito para 12 anos, mas este objectivo, de per si, pode encerrar uma armadilha, levando que se massifique não apenas o acesso mas também o défice de qualidade que a educação de massas já apresenta no momento actual. Antes de garantir a escolaridade obrigatória de 12 anos, e concomitantemente com esse processo de generalização, devem ser equacionadas e resolvidas questões candentes da educação em Cabo Verde, como: (i) a revisão profunda e em toda a linha das políticas e praxis curriculares, incluindo, fundamentalmente, a mudança de paradigmas ao nível das directivas e orientações curriculares, o reforço dos saberes científicos ou do chamado “conhecimento poderoso” nos currículos prescritos (programas, manuais), a promoção da aprendizagem das línguas nacionais e estrangeiras, o reforço dos meios e recursos pedagógicos, a adequação dos mecanismos de acompanhamento e avaliação da performance do processo de ensino-aprendizagem, etc.); (ii) a elevação do nível de qualificação científica e pedagógica dos docentes, de modo a que possam estar à altura dos desafios da massificação do ensino, sem perdas (mas antes com ganhos) de qualidade; (iii) a criação de condições para que os alunos possam dedicar mais tempo à aprendizagem, ultrapassando-se a situação actual, em que os discentes permanecem apenas meio período do dia lectivo na escola (NB: nos países avançados, os discentes permanecem na escola, a estudar, durante os dois períodos diários), o que não permite criar “espaços” de inovação nos currículos, nomeadamente para a aprendizagem de novas línguas, das tecnologias de informação e comunicação, etc. Bartolomeu

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