30.4.10

LCv & LP: Outra Leitura na TertúliaCrioula

"Está a supor que eu sei que “ Existe uma a diferença entre uma língua comumente falada por um povo e uma língua oficial desse mesmo povo”. Digo-lhe que posso inferir o que quer dizer com “uma língua comummente falada” e sei o que é “língua oficial” porque este termo está nos Livros. Eu não diria que “O crioulo (ou LCV) é apenas uma língua generalizada…”. Repare na palavra “apenas” e “língua generalizada”. Este “apenas” soa a pouco e a insignificância. E esta “Língua generalizada”, neste contexto, zune a uma Língua que esteja a ocupar um território alheio. Sei que não quis dizer isso, mas escreveu.

Se olharmos para a História de Cabo Verde, desde os primórdios, só podemos afirmar que hoje que o Crioulo é a Língua da Nação Caboverdiana. Língua da “Nação”. NAÇÃO, uma palavra que carrega virtualidades. Claro que o “português genuíno” pertence sempre ao povo Português. Que defendam essa genuinidade e a sua Expansão. Agora, não devemos esquecer que os nativos de Cabo Verde sempre conviveram com nas duas Línguas.

E mais, não se esqueça que durante o período colonial éramos também portugueses. Por isso, “eles” falavam de Dialecto Crioulo de Cabo Verde. Dialecto é a variedade regional de uma Língua, no caso de Crioulo de Cv era, por motivos meramente políticos, considerado uma variedade do Português. Com a independência, por opção política, a LP adquiriu o estatuto de Língua Oficial. E não se definiu politicamente o estatuto do Crioulo de Cabo Verde.

Eu pergunto até que ponto é apropriado falar de Língua Caboverdiana (?)… existem “crioulos que todos falamos e compreendemos”. A LCv deverá “uma união harmoniosade todos os falares caboverdianos do arquipélago e da diáspora”. Os trabalhos que estão em curso e outros concluídos. Veja que já temos alguns Dicionários, Gramáticas de LCv e várias teses de mestrados e de doutoramentos, que a maioria desconhece... Mas uma verdadeira LINGUA deve ser ensinada-aprendida…

Uma Informação: A Universidade Pública de Cabo Verde de há muito tempo a esta parte tem no seu plano curricular as Cadeiras de Língua Caboverdiana e Linguística Caboverdiana. (obrigatórias para os alunos de Letras)… portanto, o problema material de que fala… se muitos professores dão aulas em Crioulo é porque “fazem material bilingue” para o efeito…

Disse e bem, no texto falaram em Crioulo/português, mas não é a mesma coisa que falar de uma Nação bilingue, nos termos que disse no comentário anterior. Nós defendemos o Bilinguismo: não defendemos nem o Crioulo nem o Português. E sabemos que em primeiro lugar está a oficialização da LCv. Oficialização que é defendida por “uma elite também esclarecida e sintonizada com o Mundo da Língua, da Linguística, da Sociolinguística e da História das Línguas… conjugadas com a realidade Caboverdiana”.

O Demis Almeida escreveu, num(?) dos seus comentários, e é preciso maiuscular essa parte que me interessa realçar “ Deste modo a oficialização do crioulo deve ser acompanhado, para além das medidas conducentes ao seu ensino nas escolas, duma estratégia de ensino cabal da língua portuguesa, PARA QUE UMA CRIANÇA COM A 4.ª CLASSE JÁ FALE UM BOM PORTUGUÊS E PARA NÃO TERMOS PESSOAS NO 4.º ANO DUM CURSO SUPERIOR, AINDA POR CIMA NUM PAÍS LUSÓFONO, A FALAR UM “PORTUCRIOULÊS” capaz de pôr o coitado do Camões a fazer malabarismos póstumos.” Perante esse facto, e sabendo os porquês, devemos ficar de braços cruzados? NÃO.

Pediu-me para desenvolver esse “Bilingue em partes desiguais”, já que partilha dessa ideia é porque entendeu minimamente… o comentário é longo.

Se o Estado oficializar a LCv passaremos a ter na Constituição duas Línguas Oficiais e parece-me que, nesta de CONSTITUIÇÃO não devo alongar, e consequentemente, será obrigação do Estado criar condições para promover as duas Línguas Oficiais a nível Nacional através de uma Política e Planificação Linguísticas… harmonizadas.

As consequências da oficialização da LCv não serão mais desatrosas do que estas de não oficialização, se levarmos à letra o que o Demis Almeida escreveu.

Josiano, qual é o valor efectivo e afectivo que o povo caboverdiano, em geral, atribui à Língua Oficial Portuguesa? É oficial, mas quem FALA essa Língua Oficial? Nós sabemos que o falar-escrever português em Caboverde é coisa de elite e dos académicos e restringe-se a situações formais. E a verdade, apenas essa elite académica é que usufrui dessa oportunidade. E o Povoléu, essa maioria? O povo terá poucas oportunidades de falar Português, porque “desnecessário” para interlocução com os seus iguais na comunidade Nacional… Como vê, a oficialização da LCv é um acto sublime de reconhecimento oficial da Língua identitária do Povo-Nação que a fala.

Com a oficialização da LCv não se estará a ‘desoficializar’ a Lp, pelo contrário, vai-se estabelecer os limites Gramaticais entre as duas Línguas que são nossas. O Caboverdiano passará a saber ouvir-falar-ler-escrever- nas Línguas Oficiais e optará por uma das duas para expressar as suas alegrias e tristezas, consoante os contextos."

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