Construção de um Bilinguismo Funcional: dissemos já que, nos próximos tempos, o combate linguístico deve ser contra a diglossia, tendo em conta que o combate à glotofagia foi bem sucedido. Ora, combater a diglossia significa restituir dignidade e prestígio ao Ccv, através da escrita, do ensino, do uso em situações formais e informais de comunicação, numa palavra, através da sua oficialização. Ele significa ainda não só reconhecer o estatuto oficial do português, mas fazer com que ele possa ter outro estatuto oficial, o de língua veicular. Em poucas palavras, o bilinguismo funcional em cabo verde significa: ao Ccv que já é língua nacional e veicular, há que reconhecer-lhe o estatuto oficial, em paridade com a língua portuguesa; ao português que já e língua oficial, há que conferir-lhe o estatuto de língua veicular ao lado do Crioulo. Ambos os estatutos em falta (o oficial para o Ccv e o veicular para a língua portuguesa) só podem ser alcançados graças ao ensino generalizado, de qualidade, com rigor e metodologia adequada. Só assim, a diglossia vai ceder lugar ao bilinguismo funcional.
No entanto em que o nosso povo, se não a totalidade, pelo menos uma maioria expressiva, poder usar espontâneamente, com competência e facilidade, as duas línguas, em todos os níveis de linguagem, podemos então dizer que o bilinguismo funcional é uma realidade. (...)"
VEIGA Manuel (2000) O 1º Colóquio Linguístico, 21 anos Depois (p.26). In: VEIGA (Org.) Colóquio Linguístico Sobre o Crioulo de Cabo Verde, Praia. Ed. da INIC.
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