27.2.11

Quando o Linguísta descriouliza e alupekaliza...

Devemos perguntar: deve o Estado mobilizar recursos... para?
Posted by Picasa
(...) Será difícil rejeitar as aquisições feitas diacronicamente, mas o crioulo, ou antes, a individualidade como língua ganharia se, com a normalização, os empréstimos lexicais ao português apenas fossem aceites como possíveis se se revelassem indispensáveis à extensão do campo de enunciação da língua crioula a novos domínios. Não se trata de imaginar um idiolecto que seria posto em prática pelos linguistas. Trata-se tão-somente de preconizar que se ponha um freio ao desvio feito de forma cada vez mais indiscriminada, daquilo que se poderá considerar norma em crioulo, tomando como ponto de partida a forma basilectal da língua.
É óbvio que só a normalização poderá disciplinar a língua cabo-verdiana, provocar uma neo-crioulização na qual a enunciação e os enunciados obedeçam ao código fonológico, morfo-sintáctico, semântico e, mesmo, estilístico do crioulo, desenvolver as suas funções metalinguísticas, criar um crioulo comum, enriquecido pelo vocabulário específico e pelas construções típicas que escondem em cada ilha, de forma a homogeneizar s competência linguística na língua materna de todos os cabo-verdianos. Mais ainda, só a normalização do crioulo poderá pôr fim ao monopólio do ensino em português, atribuindo à língua materna uma função que lhe cabe por direito próprio.

Na passagem a uma forma normalizada do texto escrito, a primeira medida a tomar-se, quanto a nós, para travar o processo de descrioulização, será basear-se na língua nuclear. A rica tradição oral cabo-verdiana, da qual se recolheram nos últimos anos vários volumes de contos, 'finasons' e provérbios, etc., será indubitavelmente um suporte privilegiado para instrumentalização da nossa língua. É nessa fonte que têm bebido alguns escritores crioulófonos (…) ALMADA: p. 43.

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