Alunos falam crioulo nas aulas. Com quem?... E porque não? Esta realidade é... E eu não Sei!

"(...)O português, que devia ser o mais falado, uma vez que é a língua oficial, passa para o segundo plano. “Os miúdos têm vergonha de falar em português porque se dão um erro os colegas gozam imenso. Retraem-se e falam cada vez menos”, aponta Luísa Rodrigues que lecciona História. “Não há motivação”. Uma responsabilidade que a docente também aponta aos colegas. “Na sala dos professores há quem fale crioulo, os alunos percebem isso, o que não facilita”, aponta.

Agnaldo Borges é um dos dois coordenadores dos 16 professores de Português e admite que os alunos “têm dificuldade na língua porque em casa também ninguém fala português”. “Estamos a discutir estratégias para fazer com que os alunos a conheçam melhor e se mentalizem de que o Português é a nossa língua oficial e, por isso, é importante que saibam exprimir-se correctamente nessa língua”.

“Há alguns complexos com a língua e se em casa não há ajuda, essencialmente nos meios mais rurais, também na escola há pouco contributo. Há professores a falar crioulo nas aulas”, reforça. “Por mais que se chame a atenção é difícil”.

Agnaldo Borges adianta ainda que já houve um grupo organizado de Português, mas acabou por falta de condições. “De que vale ter uma sala com quatro paredes se depois não temos nada lá dentro? Os livros que recebemos, em tempos, foram para a sala de leitura, para ficar ao acesso de todos; e um computador que nos foi oferecido não funciona”, lamenta.

A embaixadora de Portugal na cidade da Praia, Graça Guimarães, explica ao A Semana que a sua missão diplomática tem um programa a funcionar, onde são distribuídas por ano cinco bibliotecas, sendo que no total já foram entregues 22, entre bibliotecas municipais, delegações de Educação e ONG’s (Organizações Não Governamentais). “Em 2007, foram oferecidos 500 títulos à delegação de Educação de Santa Cruz. É mais sensato oferecer livros a uma delegação de Educação, onde todas as escolas têm acesso, que a uma escola, onde ficam limitados àqueles alunos”, defende a diplomata. Graça Guimarães reconhece que ainda nem todas as ilhas foram abrangidas com uma biblioteca, mas faz saber que o desejo é esse. “Temos de conseguir um equilíbrio entre as ilhas, as bibliotecas municipais e do Ministério da Educação e das ONG’s para chegar a todo o país, como é desejável”.

A embaixadora adianta ainda que o facto de outros países contribuírem com material pedagógico não quer dizer que façam mais que Portugal. “ O português é a língua oficial e fazemos um esforço enorme com o Ministério da Educação. O nosso apoio pode não ser tão directo mas não quer dizer que não o façamos”, remata. Outras áreas deficitárias (...)