3.3.13

Kulòki de Vista Curto!?

 
 
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E claro que esse alfabeto reflecte muito o espírito da época em que foi propos­to…
Houve uma tentativa de se demarcar da tradição que era a utilização do alfabeto etimológico. Quer dizer, há o étimo da palavra e vai-se es­crever da mesma forma que a palavra tinha na sua origem, desde o latim, passando pelo português e chegando ao crioulo de Cabo Verde. Como nós temos muitas variantes do crioulo e as pessoas rea­lizam a língua do ponto de vista fonético de uma determinada forma, o Colóquio do Mindelo apresentou algo que, em teoria, poderia per­mitir a todos, utilizando um símbolo, escrever aquilo que seria a pronúncia deles.
 
A proposta fonológica, ten­do em conta a sua pouca aceitação, não terá preju­dicado a causa da língua cabo-verdiana?
 
Não diria que terá prejudi­cado, porque acho que foi um passo necessário. Podia-se perfeitamente continuar dentro da tradição da escrita etimológica e avançar-se para a escrita do crioulo e talvez o caminho fosse outro. Mas o alfabeto fonético-fonológico, mais fonológico do que foné­tico, apontou o caminho e de­pois era necessário continu­ar. Continuando, nós tivemos toda uma série de reacções a nível da sociedade – as pesso­as viram que não era hábito escrever com determinados sinais diacríticos, como por exemplo, o chapeuzinho que se colocava sobre o “c” para dar o som “tch”. Isso pertur­bou um pouco a sociedade. Perturbou a eliminação do “c” e a sua substituição pelo “k”. Então, todo o som “que”, seria realizado pelo “k” e aí distanciava-se muito do por­tuguês. Daí que a proposta apresentada tenha contribu­ído para a pouca aceitação que teve na sociedade. Foi então necessário rever a situ­ação. E nessa revisão da situ­ação houve uma decisão to­mada na altura em que a drª Ondina Ferreira era ministra da Cultura, em que se criou uma comissão cuja missão era propor um alfabeto para se poder escrever a língua.
 [...]
 
 O Colóquio do Mindelo pro­curou alcançar o princípio da funcionalidade e facilitar o usuário da língua. Dar-lhe um instrumento que, em teo­ria, tinha todas as condições para a facilitação da escrita. Digo-lhe o seguinte: se nós não tivéssemos variantes dia­lectais, era o melhor caminho a seguir. Se você tivesse ape­nas o crioulo de Santiago, ou apenas o de São Vicente, era o alfabeto perfeito…
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