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Houve uma tentativa de se demarcar da tradição que era a utilização do alfabeto etimológico. Quer dizer, há o étimo da palavra e vai-se escrever da mesma forma que a palavra tinha na sua origem, desde o latim, passando pelo português e chegando ao crioulo de Cabo Verde. Como nós temos muitas variantes do crioulo e as pessoas realizam a língua do ponto de vista fonético de uma determinada forma, o Colóquio do Mindelo apresentou algo que, em teoria, poderia permitir a todos, utilizando um símbolo, escrever aquilo que seria a pronúncia deles.
A proposta fonológica, tendo em conta a sua pouca aceitação, não terá prejudicado a causa da língua cabo-verdiana?
Não diria que terá prejudicado, porque acho que foi um passo necessário. Podia-se perfeitamente continuar dentro da tradição da escrita etimológica e avançar-se para a escrita do crioulo e talvez o caminho fosse outro. Mas o alfabeto fonético-fonológico, mais fonológico do que fonético, apontou o caminho e depois era necessário continuar. Continuando, nós tivemos toda uma série de reacções a nível da sociedade – as pessoas viram que não era hábito escrever com determinados sinais diacríticos, como por exemplo, o chapeuzinho que se colocava sobre o “c” para dar o som “tch”. Isso perturbou um pouco a sociedade. Perturbou a eliminação do “c” e a sua substituição pelo “k”. Então, todo o som “que”, seria realizado pelo “k” e aí distanciava-se muito do português. Daí que a proposta apresentada tenha contribuído para a pouca aceitação que teve na sociedade. Foi então necessário rever a situação. E nessa revisão da situação houve uma decisão tomada na altura em que a drª Ondina Ferreira era ministra da Cultura, em que se criou uma comissão cuja missão era propor um alfabeto para se poder escrever a língua.
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O Colóquio do Mindelo procurou alcançar o princípio da funcionalidade e facilitar o usuário da língua. Dar-lhe um instrumento que, em teoria, tinha todas as condições para a facilitação da escrita. Digo-lhe o seguinte: se nós não tivéssemos variantes dialectais, era o melhor caminho a seguir. Se você tivesse apenas o crioulo de Santiago, ou apenas o de São Vicente, era o alfabeto perfeito…
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