Na tertuliacrioula.com:
Todos os Caboverdianos (Cvs) estão unidos a favor da Oficialização da LCv (ou de um Crioulo?). Na última Revisão Constitucional a oposição que conta absteve-se. Pelos debates havidos na AN, ficou manifesto que o que estava em discussão era a oficialização do DL de 08/2009. Este não viola Lei nenhuma, dizem alguns entendidos (e vocês são entendidos). Dizemos nós, viola o “pensamento significante” da maioria dos “artistas Crioulos” que estão habituados a ortografar o Crioulo à portuguesa de forma espontânea. Esses têm já, cada um, a sua maneira de escrever um crioulo.
Alguns parágrafos para reflexão:
Durante todo o processo de socialização do ALUPEC “os artistas crioulos” sempre mostraram a sua raiva contra a letra para representar todos os sons [k] e sua a simpatia pela . De facto, os debates foram feitos mas, parece que o Decreto ignorou algumas recomendações pertinentes (?) saídas dos mesmos.
O artigo 9º da CRC, como está, tem múltiplas leituras. E para o efeito foi escrito em 1990 (?). Não era melhor que escrevessem: 1- São línguas oficiais o português e o Crioulo (de facto são Línguas oficiais de um país independente). 2- O Estado promove as condições para o ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA CABO-VERDIANA, EM IGUALDADE COM A LÍNGUA PORTUGUESA? O ponto 3, parece-nos um ponto desnecessário, se tivermos em conta que, efectivamente, nós, os Cvs, nascemos a falar um Crioulo e morremos a falar Crioulo (usávamos e usamos um Crioulo à revelia de quem?). Sendo este um facto. Outro facto, se todos usamos algumas das competências da Lp, é porque somos letrados. (…). Todos usamos as duas Línguas em Cv de forma ininterrupta.
Como o artigo 9º não foi mexido, nós não podemos fazer nada, ou continuar a fazer tudo como de antes: Escrever uns Crioulo que falamos, à maneira. Se assim for nunca teremos a LCv.
Sabemos que o Cv, de um modo geral, se não for para escola apenas fala um crioulo da sua comunidade até morrer. Se for para a escola aprenderá a falar, a ler e a escrever a Língua Oficial que é o português, em graus diferenciados. Portanto, é na escola que o Cv se torna num BILINGUE imperfeito: (a) que fala um crioulo mas, não o escreve na sua “forma oficial” e (b) que escreve, lê, e fala um português, cuja performance reflecte o seu nível de escolarização e o/ou seu hábito de Falar-Escrever.
Sabemos que aquilo que divide os Cvs não é a Oficialização da “LCv”, mas é sobretudo o desconhecimento efectivo do seu alcance e o medo: vai-se badiuzar o arquipélago!?). A escrita-Leitura que ainda não nos foi ensinada de forma oficial… oficialmente, como será ensinada-aprendida em todo o território nacional? Um manual de LCv deverá trazer “textos badios e textos sampadjudos”. Como é que deverão ser lidos e compreendidos por todos os Cvs falantes de um Crioulo?
Hoje, de um modo geral, aqueles que escrevem um Crioulo escrevem-no com o alfabeto da Lp que aprenderam… não se preocupam com as anomalias - as regras não são socialmente e nem individualmente prescritivas. E larga ta ba(i)!
Mas onde se viu Decretar um “alfabeto prescritivo” para escrever uma Língua Oral sem haver escolas públicas para ministrar o seu ensino generalizado?
Dizem-nos, esse alfabeto é cientificamente funcional. Concordamos. Para a nova geração não será uma imposição. Mas é uma imposição para a velha geração, e por isso mesmo é rejeitado. Os “artistas Crioulos” devem aceitar esse corte? Esses vêem o ALUPEC como uma “Invenção e uma prescrição” de normas póstumas. Naturalmente.
Dizem-nos que falta um Instituto de Língua Cabo-verdiana (achamos melhor, uma Academia Caboverdiana de Línguas) e um dicionário de Língua Caboverdiana (visto que os dicionários até agora publicados são de um Crioulo). Concordamos. Agora, a escola piloto no arquipélago para o ensino da “LCv” está já em implementação desde a década de 90, só que de forma oficiosa. São muitos os professores que leccionam algumas matérias de Ciências Sociais e Tecnologias em “LCv”… é chegada a hora de cairmos na real e aceitá-la.
E os estudantes-pesquisadores-investigadores Cvs devem ser chamados… são eles que falam e escrevem; e investigam e fazem acontecer…
O debate tem de continuar…!
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