"Esta paixão pela língua portuguesa, que aqui confesso, cega não será,
superlativa muito menos. Entendo-a rica, porque vem das boas famílias
dos antigos e o que recebeu multiplicou. Mas nunca afirmarei que é a
mais rica ou a mais bela do mundo. Cada povo verá no seu idioma mais
virtudes que em idiomas alheios. Que a disputa, se a houver, seja
festiva, pois que os idiomas não ocupam espaço e não geram rivais mas
poliglotas. Anterior à festa, está, porém, aquilo que dizem História. E a História é bruta e territorial.
[...]
As línguas são os únicos seres vivos que não têm origem natural. O erro humano pode prolongar-se, mesmo inocentemente, por descuido. O português carregará ainda alguma febre imperial no corpo e é natural que desconfiem dele. Mas acontece que a repressão é mecânica e a língua é biológica. Se chega às terras de outros povos na bagagem do colonizador, em breve sai e se desnuda e se alimenta, e adormece e procria. As armaduras ficam no chão, enferrujadas, podres. A formação orgânica progride.
[...] "
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As línguas são os únicos seres vivos que não têm origem natural. O erro humano pode prolongar-se, mesmo inocentemente, por descuido. O português carregará ainda alguma febre imperial no corpo e é natural que desconfiem dele. Mas acontece que a repressão é mecânica e a língua é biológica. Se chega às terras de outros povos na bagagem do colonizador, em breve sai e se desnuda e se alimenta, e adormece e procria. As armaduras ficam no chão, enferrujadas, podres. A formação orgânica progride.
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