20.12.11

Se é Morna, é Sodade.

(...) Na sua expressão cabo-verdiana, a saudade torna-se mais densamente açucarada e sensual, enquanto a condição humana se revive numa melancolia feita de insularidades e numa distância em que tempo e espaço se confundem numa espiral da solidão. Sendo o dialecto crioulo em geral pouco adequado para a expressão de ideias abstractas, a palavra "saudade" (sodade), com toda a sua flutuante carga semântica e existencial de séculos, adquire uma tonalidade de lamento vivencial que a música se encarrega de tornar mais intenso, numa busca do tempo perdido ou de um lugar que pressentimos e que se tece algures, nas mapeações da alma, entre o passado e o futuro (já um poeta do Cancioneiro Geral de 1516, João Gomes, falava "da lembrança do passado / com desejo do futuro / em o tear do cuidado" (...)

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